Em seu romance histórico, Valerio Massimo Manfredi explora a queda do Império Romano do Ocidente e a deposição de seu último imperador, Rômulo Augusto, misturando história e ficção
A Última Legião é uma obra de ficção histórica escrita pelo autor italiano Valerio Massimo Manfredi. O livro foi publicado em 2002 e a trama é ambientada nos últimos dias do Império Romano do Ocidente. O romance oferece uma visão fascinante e emocionante da queda de Roma e da transição para a era medieval, tecendo uma narrativa que mistura fatos históricos com elementos ficcionais.
Valerio Massimo Manfredi capricha nessa obra ao recriar a atmosfera daquele período. Afinal, no livro vemos uma Roma decadente em que o antigo poder imperial está se esvaindo e se apagando. A história começa em 476 d.C., com a deposição do último imperador romano, o jovem Rômulo Augusto de apenas 13 anos de idade. Seu pai, Flávio Orestes, um general romano, havia dado um golpe de estado e elevado seu jovem filho a imperador. Ao mesmo tempo, para proteção do rapaz, criou e treinou a Legio Nova Invicta, uma legião nos moldes das clássicas legiões romanas.
O romance oferece uma visão fascinante e emocionante da queda de Roma e da transição para a era medieval, tecendo uma narrativa que mistura fatos históricos com elementos ficcionais.
Todavia, a tentativa de seu pai de restabelecer o poder imperial na figura de seu filho fracassa. A guarda pessoal do imperador e Flávio Orestes são assassinados e a Legio Nova Invicta é dizimada a mando de um general germânico chamado Odoacro. Já Rômulo Augusto, ao contrário, acaba sendo poupado e o trono de imperador romano do ocidente, em vez de ser preenchido por outro postulante, torna-se vago. Com o jovem imperador capturado e deposto, ele acaba sendo exilado na ilha de Capri.
E até esse momento da deposição de Rômulo Augusto o livro de Valerio Massimo Manfredi se mantem relativamente fiel aos registros históricos. Mas a partir daí, do exílio do imperador, o autor toma determinadas liberdades literárias para recriar o que teria acontecido com o monarca. E Manfredi faz isso da maneira mais emocionante possível.
Mesmo com a Legio Nova Invicta tendo sido dizimada, alguns poucos legionários sobreviventes, liderados pelo corajoso general Aureliano Ambrosius, resolvem resgatar seu imperador. O objetivo do grupo acaba sendo proteger Rômulo Augusto e levá-lo a um lugar seguro, na esperança de restaurar a glória do Império Romano.

Durante a fuga, Aureliano e seus companheiros enfrentam inúmeros perigos, incluindo emboscadas de bárbaros e traições de antigos aliados. A narrativa é repleta de ação e suspense, mantendo o leitor engajado a cada página. Além das cenas de batalha, Manfredi explora profundamente as motivações e os dilemas dos personagens, humanizando figuras históricas e lendárias.
Um dos aspectos mais intrigantes e fascinantes do romance é a maneira como Manfredi conecta a queda de Roma com o surgimento da lenda do Rei Arthur. Ele sugere que Rômulo Augusto se torna o lendário rei britânico, fundando uma nova ordem baseada nos ideais romanos de justiça e honra. Essa fusão de história e mito é feita de forma convincente e criativa, adicionando uma camada extra de profundidade à trama. Mas é claro, não há nenhum relato histórico quanto a isso, sendo apenas um artifício possível porque o autor deixa de lado a história e caminha em direção a ficção.
O livro me surpreendeu tanto que não me admira que a obra tenha sido adaptada em 2007 para o cinema em uma versão cinematográfica com Colin Firth e Ben Kingsley nos papéis principais.
A escrita de Manfredi é rica em detalhes históricos, refletindo sua formação como arqueólogo e historiador. Ele recria o mundo antigo com precisão e vivacidade, transportando o leitor para uma época de grandes mudanças e incertezas. No entanto, ele também sabe quando deixar a história fluir, evitando sobrecarregar o leitor com excesso de informações.
Tendo já lido outros romances do Valerio Massimo Manfredi como O Tirano e Meu Nome é Ninguém, A Última Legião é um livro excelente para aqueles que, além de romances históricos, tem interesse na história e desenvolvimento da Roma Antiga. Aliás, ao contrário do que esperava, o livro me surpreendeu tanto que não me admira que a obra tenha sido adaptada em 2007 para o cinema em uma versão cinematográfica com Colin Firth e Ben Kingsley nos papéis principais.
A Última Legião é uma leitura envolvente para os fãs de ficção histórica e mitologia. A combinação de ação, drama e elementos lendários faz deste romance uma obra memorável, que oferece tanto entretenimento quanto reflexão sobre os temas eternos de coragem, lealdade e o legado do passado. Valerio Massimo Manfredi demonstra mais uma vez seu talento em transformar a história em uma narrativa cativante.
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